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Uso indevido do cartão corporativo pode configurar crime? Veja como evitar
28 de maio de 2025
O cartão corporativo é uma ferramenta cada vez mais comum no dia a dia das empresas. Ele permite o pagamento de despesas operacionais, facilita a gestão financeira e oferece mais autonomia para colaboradores em viagens ou com funções administrativas. No entanto, seu uso exige responsabilidade e, principalmente, conhecimento sobre o que pode ou não ser feito com ele.
Você sabia que o uso indevido do cartão corporativo pode configurar crime? Dependendo da situação, a conduta pode acarretar sanções administrativas, civis e até penais. Neste artigo, vamos explicar os riscos envolvidos, os cuidados que devem ser tomados e como as empresas podem se proteger contra esse tipo de problema.
Quando o uso do cartão corporativo é considerado indevido?
O uso indevido ocorre quando o colaborador utiliza o cartão para fins pessoais, sem autorização da empresa, ou quando manipula ou omite informações para encobrir esse tipo de conduta. As situações mais comuns incluem:
- Pagamento de despesas pessoais (como alimentação de familiares, compras em farmácias, vestuário etc.).
- Uso fora do horário ou escopo de trabalho.
- Reembolsos duplicados (usar o cartão e ainda solicitar reembolso).
- Pagamentos em estabelecimentos não permitidos pela política da empresa.
- Saques em espécie não autorizados.
Esse tipo de comportamento, além de representar má conduta profissional, pode ser enquadrado em crimes como apropriação indébita, estelionato, falsidade ideológica e até peculato, quando se trata de servidores públicos.
O que diz a legislação?
O Código Penal brasileiro possui dispositivos que podem ser aplicados ao uso indevido do cartão corporativo, a depender da natureza da relação de trabalho e do tipo de conduta praticada. Por exemplo:
- Apropriação indébita (Art. 168): ocorre quando alguém se apropria de bens móveis (como dinheiro) de que tem a posse. Aplicável quando o colaborador usa o cartão da empresa para benefício próprio.
- Estelionato (Art. 171): se houver fraude ou manipulação de dados para obter vantagem indevida, pode haver enquadramento nessa tipificação.
- Peculato (Art. 312): quando o autor do ato é servidor público ou exerce função pública, utilizando indevidamente valores sob sua responsabilidade.
Ou seja, o uso não autorizado do cartão corporativo vai além de um problema interno: pode trazer sérias implicações legais, tanto para o colaborador quanto para a empresa, caso haja falhas de controle.
Como as empresas podem evitar problemas?
Para evitar riscos relacionados ao uso indevido do cartão corporativo, a empresa precisa adotar uma postura clara, preventiva e educativa. Algumas ações essenciais incluem:
- Criação de uma política de uso
A empresa deve elaborar uma política clara e objetiva sobre o uso do cartão corporativo, detalhando:
- Quem tem direito ao uso;
- Quais tipos de despesas são autorizadas;
- Limites de gasto;
- Procedimentos de prestação de contas;
- Penalidades por uso indevido.
- Treinamento dos colaboradores
Antes de liberar um cartão corporativo, é fundamental que o colaborador receba orientações formais sobre suas responsabilidades. Isso evita alegações de desconhecimento e reforça a cultura de conformidade.
- Monitoramento e auditoria contínuos
Os gestores financeiros devem realizar auditorias periódicas, avaliando a coerência das despesas com as atividades do colaborador. Ferramentas digitais podem automatizar o processo e aumentar a transparência.
- Tecnologia e controle em tempo real
Plataformas especializadas em gestão de despesas permitem bloquear categorias de gastos, definir limites de uso e receber alertas automáticos sobre atividades suspeitas. Isso garante mais segurança e permite uma atuação preventiva.
- Abertura para denúncias e canal de compliance
A criação de um canal de denúncias interno, protegido por anonimato, estimula a identificação precoce de irregularidades e fortalece os mecanismos de controle interno.
Conclusão
O cartão corporativo é uma ferramenta valiosa, mas seu uso requer atenção, transparência e responsabilidade. O uso indevido pode representar muito mais do que uma falha administrativa: pode gerar danos financeiros, desgaste da imagem institucional e consequências jurídicas graves.
Portanto, tanto empresas, quanto colaboradores devem adotar uma postura ética e preventiva. Estabelecer políticas claras, investir em controle e promover a cultura da responsabilidade são atitudes fundamentais para garantir a integridade do uso dos recursos corporativos.